Vivemos dias em que a
liderança evangélica está refém de um tipo de crente que tem destruído os cultos
nas igrejas. Gastamos muito tempo e dinheiro para agradar a esse “público”, que
só quer culto que lhe agrade. Com um bom sermão de autoajuda, com um louvor agradável
e com um ambiente refrigerado e gostoso.
Interessante e curioso é que para os católicos o importante
é ir á missa. Não importa muito o que fala, se a igreja tem ar-condicionado, se
há um bom louvor. O que importa é ir à missa, mesmo que seja às 6h, que tenha
que subir um ladeirão, que tenha que pegar três ônibus ou andar 5 Km. O importante
é ir à missa.
Não estou fazendo apologia da missa, mas é que na contramão
religiosa, os crentes estão avacalhando o culto e, por tabela, a Igreja. Com a
proliferação de Igreja evangélicas em cada esquina, tenho percebido que muitos
crentes não são mais “apaixonados” por sua igreja como era antigamente. Não enchemos
mais o peito para falar da “minha” igreja. Na verdade, parece que há uma indiferença quanto a pertencer à igreja
presbiteriana ou alguma pentencostal, ou batista. Parece até que é pecado falar
que é batista ou assembleiano. Hoje, crente que é crente é só crente.
O cristão de hoje está se sentindo um cidadão
interdenominacional, ou seja, ele freqüenta onde quer, quando quer ou onde
esteja se sentindo bem, onde nada esteja incomodando, nem tenha que fazer
alguma coisa na igreja, ou assumir algum cargo, e mesmo que tenha cargo, ele
deixa claro que é só por questão de projeção pessoal, e não para fazer alguma
coisa. Se o pastor fizer um sermão exortativo, então é que as coisas esquentam
e sai reclamando: “já estão pegando no meu pé”.
Como dizem que tudo sempre tem o seu lado bom, fico
imaginando qual é o lado bom dessa situação. Sei que igreja nenhuma salva, que
todas as igrejas têm falhas, que a liderança muitas vezes atrapalha o
crescimento do reino, que algumas têm erros doutrinários e até fazem coisas
contrárias ao que está na Bíblia etc. Mas não amar sua igreja é uma falta gravíssima
(perde muitos pontos na carteira do céu) . é gravíssima porque a igreja não foi
criada para agradar.
Se existe na igreja algo que incomoda, ou alguém que nos
chateia ou deixa amargurado, em 100% dos casos, a falha é totalmente minha. Somos
nós que precisamos perdoar, somos nós que temos que andar a segunda milha ou
dar também a túnica. A nós foi dado o “privilégio” de padecer por Cristo (Fl.
1:29), de nos alegrarmos por sofrer afrontas por causa do nome de Cristo (At.
5:41) ou, na linguagem de Pedro, devemos nos alegrar na medida em que somos
participantes do sofrimento de Cristo (1 Pe 4:13).
A maioria dos crentes está naquela classificação de “não
levo desaforo pra casa. Jogou piadinha, leva na hora”. O pastor precisa ser
sábio e fazer malabarismo para falar algo que precisa, sem deixar ninguém chateado.
Crente chateado fica bicudo e não volta
mais. Perdemos totalmente a noção do que é igreja.
Não estamos indo à igreja só para adorar a Deus, mas para
que as pessoas ali me tratem como se eu fosse o rei do pedaço, o mais
importante no culto. Se não me tratar bem, eu vou embora, não pago o dízimo e
largo essa igreja, até porque, pra que igreja, se eu sou é crente?